"O que têm em comum um 'rally paper', uma exposição de pintura e a oferta de livros? Aparentemente, muito pouco. Mas estes três eventos fazem parte do impressionante rol de iniciativas que, um pouco por todo o país, assinalam hoje o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. Centro e trinta autarquias - das mais cosmopolitas, como Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, às de pequena dimensão, de que são exemplo Arronches, Arruda dos Vinhos e Póvoa de Lanhoso - responderam favoravelmente ao repto lançado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB) e associaram-se à "Primavera dos livros", a decorrer desde o início do mês. A campanha, com uma agressividade invulgar entre nós, alicerça-se numa série de protocolos estabelecidos com vários meios de comunicação social, o que tem permitido a inserção, nas rádios e televisões nacionais, de spots publicitários, mas também a colocação de anúncios em diversos jornais.
O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge. A partilha de livros e flores - em honra à velha tradição catalã, segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge (Saint Jordi) e recebem em troca um livro - é um apelo comum a uma campanha em que o IPLB pretende que se "ofereça alegria e saber", mas também "cultura e paixão". Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril. O esforço de levar os livros até a uma faixa alargada da população, sobretudo a que costuma passar à margem das questões literárias, não conta com a participação apenas das entidades oficiais. De norte a sul, dezenas de livrarias, mas também associações privadas, promovem eventos paralelos. E nem mesmo quando o retorno financeiro ou a adesão popular ficam aquém do esperado, o optimismo dos organizadores dá sinais de esmorecimento, já que o investimento é a palavra de ordem . À mega-festa pretendida associaram-se igualmente os institutos de cultura estrangeiros em Portugal - como o British Council, o Goethe-Institut, o Instituto Cervantes, o Instituto Franco-Portugais e o Istituto Italiano di Cultura -, que planearam programas autónomos para o dia. Também aqui a dificuldade está na escolha há lançamentos de livros e debates, mas também exposições, feiras do livro e concursos. Em apenas uma década, a data criada pela Unesco para celebrar a importância dos livros em todas as culturas e civilizações passou de uma simples curiosidade a um pretexto privilegiado para incentivar o gosto pela leitura. O impacto da efeméride, que também serve de tributo a Cervantes, Shakespare e Inca Garcilaso de la Vega, falecidos neste dia há exactamente 390 anos, pode ser medido também pela antecedência com que vários eventos têm lugar. Desde o início do mês, bibliotecas de todo o país realizaram encontros com escritores (Lagos), feiras do livro (Castelo Branco, Castro Verde e Moura) ou campanhas de recolha de livros (Montalegre). Para assinalar a efeméride, a ministra da Cultura visita hoje unidades de pediatria de dois hospitais da zona de Lisboa, oferecendo duas centenas de títulos de literatura infanto-juvenil.
Sérgio Almeida
Fontes: Texto - Jornal de Notícias - 23-4-006 Cartazes: IPLB
Etiquetas: Eventos, Livros e Leitura |